Afinal, o que são as Redes Livres?
“Imagine um meio de comunicação em que você e seus vizinhos estão interconectados e todos podem trocar arquivos em alta velocidade com anonimato e segurança; falar gratuitamente através de telefonemas, mensagens e bate-papos; transmitir canais locais de rádio e TV; mapear, trocar e divulgar serviços do bairro através de sites, wikis e outros serviços que ficam hospedados em seus próprios servidores.
E a partir dessas ferramentas todas, a vizinhança local poderia realizar pesquisas, abaixo-assinados, consensos, votações, até agendar encontros físicos para se conhecer.
E tudo isso funcionando sem depender da estrutura da internet, mas podendo, também, ser acessado ou oferecer o acesso a ela”
De certa forma, estamos falando aqui da possibilidade de se (re)construir uma nova internet (ou intranet) comunitária, de bairro, mas dessa vez sem fio e sem censura!
As Redes Livres costumam nascer dessa necessidade que grupos de pessoas sentem de criar uma infra-estrutura de comunicação popular que seja aberta, descentralizada e gerida pelos seus próprios usuários. É, também, uma forma estratégica de se utilizar a tecnologia para aproximar as pessoas e uma ferramenta para auxiliar no empoderamento de comunidades.
A principal tecnologia utilizada atualmente para a implementação destas redes é a transmissão de dados sem fio através da família de protocolos 802.11 (wifi | wireless) em equipamentos como roteadores, antenas e outros, aliados ao uso de programas de código aberto (softwares livres). Com estas tecnologias, pode-se implementar uma rede de dados veloz e de baixo custo que funcione como um meio de comunicação livre. Além disso, a interconexão entre os dispositivos diversos pode ser feita de forma descentralizada, em malha (mesh), gerando uma arquitetura de rede extremamente resiliente, onde a perda de um ponto (ou nó) não afeta os demais. Esta característica também permite que tais redes possam se expandir facilmente e conectar áreas remotas onde sequer a telefonia comum alcança.
Por se utilizar de uma faixa do espectro eletromagnético para se comunicar, as redes livres se situam no contexto do radioamadorismo e das rádios e tv’s livres, como iniciativas autônomas de comunicação por rádio que se apropriam do espectro. Porém, no caso das redes sem fio, a operação se dá aproximadamente nas faixas de 2,4 GHz e 5 GHz, que fazem parte de uma região do espectro que é mantida aberta, na maioria dos países, para o uso genérico, sem a necessidade de licenças. Essa região é chamada de banda ISM (industrial, scientific and medical). Quase todo o restante do espectro é mantido sob rígido controle do Estado e suas licenças de uso representam poder e dinheiro, não havendo espaço para iniciativas de comunicação popular. Essa é a luta pela “reforma agrária do ar” e uso livre do espectro.
Cada uma dessas redes tem suas peculiaridades de acordo com os objetivos de cada grupo. Em alguns casos, funcionam apenas como uma rede interna de dados entre os nós conectados, enquanto em outros casos, se somam à tarefa de expandir o acesso à internet e disponibilizá-lo ao público de forma gratuita. Podem ser mantidas por alguns vizinhos empolgados, um coletivo autônomo autogerido ou uma associação civil formalizada que organiza um provedor comunitário de internet.
Uma pessoa disposta e mais anciosa pode até transformar sozinha o seu roteador wifi em uma central de compartilhamento de arquivos e chat anônimo dentro de sua vizinhança! : D
Em tempos de alta vigilância e controle sobre a internet – e descontrole das desigualdades sociais e recursos naturais do nosso planeta – o debate e a experiência trazida pelas redes de internet comunitária é muito importante como uma alternativa viável de comunicação popular para este novo mundo possível, de forma livre, descentralizada, aberta e autogestionada, visando fomentar o acesso à informação e a integração de comunidades, bairros e diferentes espaços a partir da interação direta (p2p) entre seus vizinhos.
Todos são livres para expandir e criar novos usos para a rede, ela é de todos!
Se quiser articular uma rede livre em sua comunidade ou apenas saber mais sobre o desenvolvimento dessas redes no Brasil, entre na nossa lista de e-mails e seja bem vindo!
Sempre imaginei que isso um dia seria possível! Quero saber mais informações
Abs
Oi André, vai no link do Menu “Legal” e “Como Se Faz” já tem algumas informações por lá. Quanto a parte técnica, moleza. E sempre bom ter algum conhecimento básico, mas, caso queira montar, depois de ler estes links que te passei, volte aqui e vamos começar a montar uma rede livre ai. Abs
Oi Andre, legal!
Fique a vontade para entrar na lista de emails.
Abs
Não podemos esperar dos governantes e empresas.
A melhor rede de computadores vai nascer das pessoas.
concordo adrian
depois de motado toda parte de hadware e feita toda configuração, e ja tendo o sinal destribuido pela comunidade, tenho uma grande duvida: Suponhamos que um usuario tenha um smart-fone, tablet ou notebook, todos com receptação de sinal wifi, e estão a 100 metros da minha torre que transmite o sinal para comunidade. Tal usuarios conseguiriam acessar a internet sem precisar de equipamentos externos?
Olá!
A lista de emails é um lugar mais apropriado para tirarmos essas dúvidas e compartilharmos pesquisas. Fique a vontade para entrar lá!
O link para a lista de emails: https://llistes.guifi.net/sympa/subscribe/guifi-brasil
saudações!
Oi quedogba, se a potencia e nivel de interferência estiverem adequados, sim os dispositivos móveis tb funcionarão, mas, o conselho é que sempre faça uma avaliação técnica do que fazer. Crie hotspots por exemplo. Mesmo sabendo que as redes mesh tem esta premissa de estar presente em cada nó, sempre é bom fazer este planejamento. No seu exemplo vc citou sua torre, e numa rede mesh, não seria a sua torre, obrigatoriamente, a dar o sinal e sim um nó da rede como seu vizinho ou qualquer outro ponto linkado a rede mesh. Sacou ? É logico que tudo vai depender tb de como as pessoas se autenticam nesta rede.